De Taiwan para a Coréia do Sul, para o tijolo

Pelo que parece despertei sem querer a curiosidade de algumas pessoas após os posts falando sobre sistemas operacionais e o outro com dicas de como escolher um smartphone. Tanto por e-mail, comentários no blog ou conversas (em eventos, telefone ou mesmo com amigos), uma pergunta tem sido constante para mim: “qual Android você escolheu?”

HTC HD2

Quem acompanha o SeidiMobile sabe que tenho um especial apreço pelos aparelhos da fabricante taiwanesa HTC – que ao longo dos anos conquistou minha admiração não por qualquer motivo emotivo: apenas por construírem aparelhos que considero fantásticos tanto por aspecto de hardware quanto de software. Nos últimos anos passei pelo HTC Touch Cruise, HTC Touch Diamond (brevemente), HTC Magic, HTC Touch Diamond 2 até chegar ao ainda impressionante HTC HD2 (isso sem falar em minha feliz experiência com o Sony Xperia X1 cujo projeto foi desenvolvido pela HTC).

Considerando este passado, o movimento natural seria abraçar um Android da HTC, certo? Errado.

Ainda era Julho de 2010 quando comecei a procurar pelo Android que substituiria meu HTC HD2, um smartphone Windows Mobile com tela de 4,3” e processador Qualcomm Snapdragon QSD8250 de 1Ghz. Assim, o perfil base de meu novo smartphone tinha dois requisitos básicos: o melhor processador possível e uma tela de tamanho considerável – afinal de contas tamanho não seria um problema (quem carrega um smartphone com touchscreen de 4,3” no bolso, carrega qualquer coisa).

Motorola Droid X (CDMA)

Nesta época o mercado norte-americano estava sendo “metralhado” por uma enxurrada de lançamentos, principalmente da operadora CDMA Verizon. Entre os novos modelos, chamaram-me a atenção o HTC EVO 4G (um equivalente Android do HTC HD2 porém com câmera de 8mpx + frontal de 1,3mpx), o Motorola Droid X (com tela de 4,4” FWVGA, câmera de 8mpx, processador de 1Ghz e 8GB de memória interna) e o Motorola Droid 2 (sucessor do bem sucedido Droid). Parecia apenas questão de tempo para que os três aparelhos encontrassem seus equivalentes GSM/GPRS/EDGE/3GHSPA, já que no passado o Droid (CDMA) acabou tendo uma versão Européia chamada Milestone (que posteriormente chegou ao Brasil) e fazia algum tempo que a HTC não mostrava nenhum Android GSM novo (o último havia sido o HTC Desire).

Samsung Galaxy S

Na mesma época no “velho continente”, a Samsung iniciava sua investida com o Galaxy S que prometia abocanhar boa parte do mercado trazendo grandes diferenciais como a tela Super AMOLED (só encontrada até então no Samsung Wave com o Bada OS) e um novo processador (mais tarde conhecido como Hummingbird de 1Ghz).

A disputa se estreitou para a casa do 1Ghz: uma briga entre as futuras versões GSM do Motorola Droid X / Droid 2 e HTC EVO 4G e o Samsung Galaxy S. A questão era: como comparar dois smartphones que ainda não existiam com um que não havia chegado ao país?

A solução estava em recorrer ao passado: esperando que a HTC lançasse o “HTC EVO GSM” a maior base seria analisar o HTC HD2 e este quesito era bastante favorável à marca: sempre considerei a construção da HTC impecável. Da mesma forma, mantinha minha boa impressão em relação aos smartphones Motorola: achei o Milestone muito bem construído. De outro lado, eu me impunha sérias restrições na aquisição de smartphones Samsung: não considerava sua construção “tão refinada” quanto a Motorola e HTC. Além disso, meu antigo Samsung Blackjack II deu muitos problemas e minha experiência com a tela touchscreen do primeiro Samsung Omnia não havia sido das melhores. Ainda assim, decidi correr a uma loja de minha operadora e dar uma boa olhada no Samsung Wave (principalmente em sua tela Super AMOLED que é um dos diferenciais do Galaxy S). E, para minha surpresa, achei o Samsung Wave razoavelmente bem construído.

Contudo, o “critério de desempate” entre os “dois smartphones inexistentes” e o Galaxy S foi relativamente simples: poder de processamento. Os primeiros benchmarkings do Samsung Galaxy S eram fantásticos: seu Hummingbird de 1Ghz associado ao chip gráfico PowerVR SGX540 apontavam uma capacidade de executar vídeos e gráficos 3D 3 vezes superior ao iPhone 3GS. Além disso, imagens de evidenciavam uma arquitetura similar ao Apple A4 (processador presente no iPhone 4).
As escalas comparativas o colocavam muito à frente do Motorola Milestone e do Google Nexus One… e foi aí onde o smartphone HTC foi “eliminado” da competição. A HTC é uma íntima parceira da Qualcomm, de maneira que seus novos smartphones trariam alguma nova versão de Snapdragon. Contudo, a Qualcomm voltou atrás em seus prazos adiando o lançamento dos Snapdragons de 1,3 Ghz e 1,5 Ghz para 2011 (e não 2010 como havia sido previsto)… ou seja: dificilmente um HTC alcançaria o mesmo nível de processamento que um Galaxy S. Esta minha hipótese formulada em julho se confirmou com os lançamentos da HTC em Outubro: o Deisre HD que traz um novo Snapdragon QSD8255 de 1Ghz “ainda não chega à capacidade gráfica do Galaxy S” segundo a imprensa especializada.

HTC Desire HD, Samsung Galaxy S, Motorola Milestone 2

Com isso a disputa se resumiu entre Samsung Galaxy S e “um futuro Motorola Droid X/Droid 2 GSM”. Por fim, três fatores acabaram influenciando a minha decisão para o modelo sul coreano: uma técnica, uma mercadológica e outra pessoal. A técnica é a mesma que eliminou a HTC e diz respeito ao processador Hummingbird. A mercadológica é bem simples… leia: “um futuro Motorola Droid X/Droid 2”. Em julho nenhum dos dois modelos tinha um equivalente GSM. Hoje felizmente já encontramos o Motorola Milestone 2 que foi anunciado no Brasil mas ainda não está homologado pela Anatel. Por fim a pessoal: a Samsung do Brasil através de sua assessoria de imprensa sempre foi muito prestativa e atenciosa comigo e com meu blog – lembram-se que falei sobre a “importância da marca” em meu último post? Particularmente dou muito valor à postura que uma fabricante/empresa assume frente à imprensa e aos seus clientes.

Ok. Então a escolha era o Samsung Galaxy S que apareceu na página da Fnac pelo preço sugerido de R$ 2.399,99. Mais de dois mil reais pelo aparelho? Não era apenas um absurdo… o valor chegava a ser “pornográfico”.

Nas semanas seguintes a Samsung Brasil informou que seu modelo traria 8GB de memória interna e, como diferencial, a TV Digital no padrão nacional.

Confesso que a novidade não me agradou nem um pouco (apesar de ter feito os olhos de milhares de consumidores brilharem): primeiro porque raramente assisto TV em trânsito; segundo porque aquela pequena antena que sai do aparelho me parece um tanto frágil e terceiro porque um aparelho com tal diferencial exigiria uma customização específica da ROM podendo atrasar indefinidamente a atualização do Android 2.2 para a versão brasileira.

Estava decidido: eu precisava de um Samsung Galaxy S importado… preferencialmente na versão com 16GB de memória interna européia para armazenar muita mídia e documentos que utilizo profissionalmente. Graças a um amigo que vinha do exterior (e sua esposa que teve a gentileza de comprar o aparelho), na metade de Setembro estava com o aparelho em mãos.
Por duas semanas testei o smartphone e o sistema operacional Android 2.1 ao extremo: instalando programas, executando arquivos de vídeo, abrindo os mais diversos formatos de arquivo… para ser franco, estava no meio dos testes para a publicação de um review quando resolvi conectar o aparelho ao computador através do Samsung Kies (software de sincronismo/gerenciamento da Samsung). Baixei e instalei o Kies em meu desktop, conectei o aparelho e imediatamente o programa informou que duas atualizações recomendadas para o Galaxy S estavam disponíveis… “instalar?” Ok.

O processo demorou cerca de 2 minutos. O smartphone desligou, ligou apresentando a animação com o logo do Galaxy S e após 10 minutos de boot ele estava completamente travado em uma tela preta. Esperei mais um bom tempo antes de desligar e religar o smartphone. Animação com o logo do Galaxy S e a mesma reação: travando em uma tela preta após 30 segundos. Repeti o procedimento inúmeras vezes (desesperado – acho que não preciso dizer) e nada do aparelho “bootar”. Busquei por casos semelhantes em fóruns internacionais e encontrei algumas dezenas de pessoas que tiveram o mesmo problema com o Kies.
“Ótimo, fui sorteado…”, pensei.

Problema ao atualizar o Galaxy S através do Samsung Kies

Passei cerca de 12 horas quase ininterruptas aplicando todas as soluções disponíveis na Internet sem sucesso. Esta verdadeira maratona foi o suficiente para que eu “caísse na real” e percebesse que acabava de ter o meu primeiro “brick”.

Brick significa “tijolo” em inglês. Trata-se de uma expressão utilizada por quem mexe com celulares para caracterizar umd efeito de software/firmware que impede o aparelho de bootar transformando-o em um “tijolo” por assim dizer – algo sem utilidade.

Eu já havia realizado atualizações de ROM e cooked ROMs (as ROMs modificadas) em meus aparelhos da HTC com pleno sucesso: o sistema de atualização da HTC era muito bom e evitava em grande parte este tipo de problema. Mas era difícil (na verdade inconcebível) de acreditar já que todo o processo de atualização fora realizado através do software oficial da Samsung. “Mas por que diabos isso aconteceu?” Segundo informações de alguns fóruns, alguns softwares para Android podem gerar conflito com as atualizações do Kies.

Entrei em contato com a Samsung do Brasil mas por ser um modelo importado, logicamente não há garantia no país… tão pouco a manutenção do mesmo. Resultado: o aparelho voltou para o país de origem para troca/reparo.

Duas grandes lições de todo este ensaio: 1) dê preferência aos modelos nacionais, originais, comprados de lojas conhecidas, com nota fiscal e garantia; 2) antes de atualizar o aparelho, faça um backup de tudo e “resete-o” para as configurações originais de fábrica – afinal de contas cada fabricante implementa seu software de uma maneira diferente e fazer atualizações críticas a partir do “estado padrão do aparelho” tende a ser mais seguro.

Para mim, que trabalho na área de desenvolvimento de sistemas, tal fato me parece uma falha gravíssima do Kies – parece que a Samsung não tomou o devido cuidado com seu software de sincronismo que deveria se encarregar de fazer este procedimento de maneira automática evitando problemas ao usuário. Reafirmo aquilo que já escrevi em posts anteriores: a experiência de uso de um smartphone não se inicia ao ligar o aparelho e se encerra ao se desligar… ela começa no momento em que o usuário abre a embalagem pela primeira vez e se estende ao dia-a-dia, incluindo não apenas o hardware em si, mas também na maneira comoa  fabricante implementou sua firmware e na qualidade dos softwares auxiliares. Foi uma pena encontrar no Kies um “Tendão de Aquiles” do aparelho.

Sabendo disso, um amigo me perguntou: “mas você vai desistir do Galaxy S?”

A resposta é não. Continuo o achando um ótimo aparelho que, ao menos nas poucas semanas que pude ter contato com ele, atendeu todas as minhas necessidades excepcionalmente bem. Infelizmente uma análise conclusiva só poderá ser realizada com mais testes. O jeito é aguardar pelo seu retorno para um review… espero que para breve!

0 comentários:

Postar um comentário

 

Celular e Smartphone, SMARTPHONE 3G, IPHONE 3GS, CELULAR COM WI FI, CEULAR TOUCH SCREEN

Celular e Smartphone, SMARTPHONE 3G, IPHONE 3GS, CELULAR COM WI FI, CEULAR TOUCH SCREEN Copyright © 2009 Gadget Blog is Designed by Ipietoon Sponsored by Online Business Journal